2007-09-12

Ficas-te só, na praia Amigo

Sexta-feira, 14-09-07

Eu lia e lia
Era sempre a voz de Pessoa
que me respondia.

Olhava o mar, as ondas,
e não tinha o meu sentir!
Estava colada ao Poeta.

Desde ontem, quase,ontem,
fez-se um enorma silêncio.
Um luto de bruma em mim.

Eu fujira de Pessoa
como quem foje de si...


E como chegamos ao fim
devolvo-lhe um poema dele
que era meu a fingir.

Agora, o mar aceita a minha voz
as ondas lavam o meu coração,
E cantamos uma melodia imensa ...



Por isso, devolvo-te o teu poema,
que era meu, que era eu...

Até um dia, Poeta

Astrid

Para o Pessoa, um poema dele:

"Onda que, enrolada, tornas,
Pequena, ao mar que te trouxe
E ao recuar te trantornas
Como se o mar nada fosse,

porque é que levas contigo
Só a tua cessação,
E, ao voltar ao mar antigo,
Não levas meu coração?

Há tanto tempo que o tenho
Que me pesa do sentir.
Leva-o no som sem tamanho
Com que te oiço fujir"