2006-10-18

sons da noite


Sons da noite

A janela está a bater contra a persiana, semi-serrada. Está um vento forte e o ar húmido guincha filosófico entre o passar nas penumbras. Chove mesmo!

Está-se desconfortavelmente confortável. Estou deitada na cama, vou rezando, atarefado trabalho auto - hipnótico. A cadela vai patando, toc-toc, na porta para entrar. Shh!! Sem sucesso.
No andar de baixo um ronco, em grave, tom baixo, deixa perceber que o vizinho ainda ralha com a neta. A miúda chora. Nem a mãe a vai salvar. Estou tão extenuada a ouvir as broncas do vôvô!

Não só tem cara de grunho como é grunho, penso.

A patita da cadela e o vento, na janela, continuam em desgarrada. Tantanrimtã!!! Não, não é nada disto. Não atino com o tom. Assim, nem a Santa, que me olha seráfica, me vem safar!

Um trovão diluído, quase sereno, lembra-me que há ameaças de sons mais fortes no horizonte nocturno. Ah!... a minha orquestra privativa..., o trovão é sopro? Percussão? Ave-maria cheia de graça…! Novo relâmpago, por aí fora, até Te encontrar no sono, dentro do escuro da almofada, sem existência física. Então Cantaste, toda a noite, só para mim, canções melodiosas.