Vou-me afastando, hoje, deste sítio, cheio de mar e marés.Conheço bem este pedaço do mapa.
Aqui passei as férias na adolecência, algumas, as férias grandes.
A casa é a mesma.Da minha avó que eu amava.
Da minha bisavó que nunca conheci, mas que é a única que tem direito a retrato na parede. Dizem que era uma pessoa muito bondosa.
È uma casa quase à beira-mar, uma ilha, uma sobrevivente do urbanismo algarvio.
E está cheia de paz, apesar de tudo. apesar das sucessivas gerações , das mortes, dos desencontros.
Lisboa aproxima-se !!!
No fim de semana fui tentando libertar-me da intimidade e encanto das paredes, da casa e deste mar, à beira.
Lisboa está folgada. Há estacionamentos.Por isso não me ralo.
Minto claro que minto!Prá-frente...
Agosto é um mês bestial! Mentira.Vamos-nos afastando das coisas. Neste fim de semana comprei os jornais (estava, em greve, há duas semanas) mas aproximo-me da cidade.Uma cidade está sempre vestida de jornais e telejornais.
No domingo, passou o centenário de Miguel Torga.E passou tão modestamente que pasmo.Entre areias, som de ondas, mares e gaivotas a saudar a chegada dos barcos com peixe à praia.
«Sonho, mas não parece./Nem quero que pareça./é por dentro que eu gosto que aconteça/ a minha vida.Íntima, funda, como um sentimento/ De que se tem pudor".( Torga, «Orfeu rebelde» )