2007-09-01

O cigarro


Como era bom inalar o fumo do cigarro e depois lança-lo no ar e ficar a ver as formas harmoniosas do fumo . O cigarrro era o companheiro na desgraça, no velório, no cinema, no casamento, não era preciso dizer a palavra certa porque havia o fumo para aspirar, reter, pausadamente e ver afastar-se como núvem de felicidade perdida...
Até ao cigarro seguinte. E outro . Ah, como eu tenho saudades desse amigo, perdido.
Presente nos momentos de alegria , de tristeza, de incerteza, de certeza.
Meu companheiro de anos!
Mas um dia aspirei o fumo e fiquei com uma desagradável sensação de amargo!
Apanhei um susto. Acendi outro. Logo outro. A sensação era cada vez mais irremediável.
Ano a ano tornou-se mais insopurtável, cheirar o fumo longínquo de um ex-companheiro tabágico
E assim perdi este amigo. Pessoas e pessoas deram-me os parabèns pela força de vontade demonstrada: deixar os cigarros. Não é verdade os cigarros é que me deixaram a mim.
Mas como ninguém acredita eu calo religiosamente a verdade. E aceito a medalha da virtude.